Neste contexto de crise capitalista, todos os governos lançam a mesma mensagem: fai-se-nos responsáveis dela e demandam-nos austeridade, sacrifício e resignaçom ; enquanto destinam ajudas milionárias para garantir os interesses e privilégios da banca, grandes empresas e fortunas, monarquia, exército ou igreja católica.
Di-se-nos que nom há dinheiro para a sanidade e o ensino públicos, que o sistema de pensons é insustentável, que é preciso continuar a reformar o mercado de trabalho; entretanto, privatizam os bens mais básicos como a auga. Dizem-nos que nom há recursos, para nós; dizem-nos que há que baixar soldos e pensons, os nossos... Já está bem!
Este 8 de Março, Dia Internacional das Mulheres, mulheres galegas de diferentes colectivos queremos denunciar a precariedade à que sempre estivemos submetidas polo sistema capitalista, baseado em que os esforços sempre recaiam sobre a mesma parcela da sociedade: a classe trabalhadora e os sectores populares. O suposto plano de actuaçons contra a crise responde a motivos ideológico-políticos muito máis que a fundamentos económicos e, no caso das mulheres, as políticas de ajuste estám a ter um efeito perverso sobre as nossas condiçons de vida e um retrocesso de lustros nos direitos que mediante anos de luita feminista alcançamos.
A actual ofensiva patriarcal está a acadar cotas insuspeitadas. Só assim se explica o recrudescimento do machismo nas instituçons, a ausência de políticas feministas reais, a eliminaçom de organismos como o Serviço Galego de Igualdade, os Centros de Informaçom às Mulheres e de orientaçom afectivo-sexual; os impedimentos para aceder a métodos contraceptivos e, sobre todo, a última proposta de derrogar a Lei do aborto, que tem o seu máximo ponto de partida na retrógada Lei da Família. A devandita normativa pretende instaurar o controle alheio sobre o nosso corpo e sexualidade, voltando a situar às mulheres na esfera doméstica.
Paralelamente, estamos a suportar umha vertiginosa escalada de precariedade laboral, que se expressa numha cada vez maior temporalidade, no aumento da contrataçom a tempo parcial e em soldos insuficientes que impedem o goze dumha vida digna, plena e autónoma. Esta situaçom, que afecta a toda a sociedade, tem umha maior repercussom nas mulheres devido aos maiores obstáculos para aceder e permanecer no mercado laboral em igualdade de condiçons.
Se falamos das mulheres labregas há que engadir as dificuldades para aceder à titularidade das explotaçons ainda hoje e, no caso das mulheres migrantes e das empregas do fogar, a situaçom agrava-se, já que à inseguridade laboral há que somar-lhe a jurídica.
Incrementa-se a explotaçom, já que sobre nós seguem a recair as tarefas do fogar e de cuidado de menores, maiores e pessoas em situaçom de dependência. Trabalho invisível que nom conta com remuneraçom nem reconhecimento social algum, imposto pola desigual assinaçom de roles entre homes e mulheres e que esta crise nom faz senom acentuar.
Que as mulheres nom somos nada para os poderes políticos, religiosos e económicos que nos governam é tam evidente, que nom só se reflicte em que sejamos as que mais gravemente sofremos as consequências da crise, senom tamém em que as primeiras instituçons desmanteladas fôrom as que trabalhavam pola igualdade, a informaçom e a protecçom às mulheres. Neste alarde de machismo, superioridade e hipocrisia, os diferentes governos renunciam garantir o direito das mulheres a vivirmos sem violências, ignorando a sua consequência mais extrema: que cada ano, mais de 70 mulheres som assassinadas só no estado espanhol.
Como é possível, nesta realidade, que se eliminem as políticas de igualdade e educaçom sexual?
Por todo isto, neste 8 de Março, as mulheres feministas galegas em luita polos nossos direitos ESIXIMOS:
Medidas concretas e recursos públicos em todos os âmbitos para erradicar a violência machista (educativos, sanitários, de informaçom e de protecçom).
Sanidade pública, universal e gratuita de qualidade, com atençom especializada na saúde das mulheres.
Ensino público, gratuito, nom sexista, laico, de qualidade e em galego.
Prestaçons sociais e pensons dignas. Estabelecer medidas de acçom positiva para evitar as desigualdades no aceso e na quantia das pensons, derivadas de situaçons de discriminaçom.
Medidas para equiparar os direitos laborais e de protecçom social das trabalhadoras do serviço doméstico cos demais regimes.
Medidas que facilitem a regularizaçom das pessoas migrantes residentes e que garantam a plena igualdade de direitos co conjunto da populaçom galega.
Acçons dirigidas a eliminar as desigualdades salariais, a temporalidade, a precariedade dos trabalhos feminizados e a sobre-explotaçom das mulheres.
Aplicaçom da Lei de titularidade compartida nas explotaçons agrárias.
Umha política laboral, agrária, alimentária, fiscal e social em funçom das necessidades da cidadania, que estabeleça medidas de acçom positiva para pôr fim à discriminaçom das mulheres e que ponha freio à emigraçom da mocidade galega.
Seviços sociais públicos de qualidade que dem cobertura às necessidades de cuidado de familiares e pessoas a cargo.
Medidas que permitam compatibilizar a vida pessoal, familiar e laboral, tanto aos homes como às mulheres.
Medidas urgentes para a creaçom e a estabilidade do emprego. Implantaçom de medidas dirigidas a eliminar a discriminaçom salarial das mulheres.
Medidas que garantam umha vida plena para as pessoas com diversidade funcional.
Direito a gozarmos a nossa sexualidade, seja cal for a nossa condiçom sexual e a desenvolvermos um projecto de vida em liberdade e equidade.
Respeito aos nossos direitos sexuais e reprodutivos, que inclui o controle dos nossos corpos, garantindo o direito ao aborto gratuito na sanidade pública.
Domingo 11 de Março, sai á rua connosco para berrarmos polos nossos direitos!
Participa na mobilizaçom que sairá às 12 horas da estaçom de comboio de Compostela!
0 comentarios:
Publicar un comentario